Crianças são capazes de julgar intenções nos primeiros anos de vida 28/12/2010 - 08:14

O seu filho a surpreende a cada dia que passa? Às vezes, dá até mesmo a impressão de que as crianças de hoje são mais desenvolvidas, dizem os pais corujas. Um estudo publicado recentemente na revista científica Child Development, por exemplo, diz que elas são capazes, inclusive, de julgar intenções por volta dos 3 anos de idade.

A pesquisa do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, feito com 90 crianças de aproximadamente 3 anos, na Alemanha, mostrou que elas entendem se uma ação é boa ou má e agem a partir disso. No experimento, elas viam um adulto rasgando o desenho ou quebrando o pássaro de argila do outro. Isso era feito de duas formas: ou acidentalmente (o adulto, por exemplo, deixava o pássaro cair sem querer) ou de propósito.

Em seguida, as crianças eram incentivadas a entregar uma bola de argila (que tinha sido usada numa espécie de jogo para familializar a criança com aquele experimento), para reconstruir o pássaro, a quem quisessem. O resultado foi o que se espera de um adulto: elas preferiam dar o objeto àqueles que agiram sem querer.

A novidade do estudo está no fato de que ele comprova que até mesmo os menores são capazes de lidar com valores morais (bem e mal) – coisa que estudos anteriores afirmavam que só acontecia por volta dos 5, 6 anos de idade.

A psicóloga e professora da Faculdade Pequeno Príncipe (PR), Regina Célia da Fonseca, não se surpreendeu com o resultado. “Desde muito cedo, a percepção delas já está aguçada. Há pesquisas que mostram ainda como as crianças são capazes de associar expressões faciais a emoções”, explica.

Em princípio, a psicóloga acredita que uma criança só consegue reagir se tiver repertório para isso, ou seja, se já tiver passado por aquela experiência antes. O reconhecimento de intenções seria possível, então, na medida em que a criança aprende que fazer o mal não é bom e fazer o bem é legal. “O mais provável é que os pais exerçam essa influência. A partir do que eles expõem às crianças é que elas formam um banco de memória”, afirma Regina.

O ideal seria que desde muito pequenos, os bebês pudessem conviver com emoções e situações diferentes para que soubessem lidar com elas. A noção de bem e mal seria consequentemente resultado disso. Por isso, nada de colocar o filho numa “redoma de vidro”, onde sempre tudo dá certo e eles nunca são repreendidos. Essa é a melhor maneira de fazer com que o seu expert fique mais esperto ainda.

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