Para tratar de assuntos ligados ao desenvolvimento emocional de meninas adolescentes e estudantes, um grupo multiprofissional do Hospital Infantil elaborou uma proposta de trabalho que visa abordar temas relacionados às experiências vividas e expectativas, em relação aos diversos assuntos que fazem parte do cotidiano nesta fase da vida, através da confecção de um diário, feito por elas mesmas.

A proposta, elaborada pelas servidoras da equipe multiprofissional, fisioterapeuta Luciana Souza Santos e Psicóloga Susana Brunow Ventura, surgiu da percepção de ambas sobre as demandas presentes na fase da adolescência das meninas atendidas na instituição.

Todas as participantes são pacientes atendidas no Hospital Infantil, com idades que variam dos 13 aos 18 anos e o diário tem a finalidade de expressar as vivências, emoções e a rotina diária. Registrar suas histórias e alegrias. Quer seja de um dia triste ou de uma violência sofrida. Tudo é válido.

Para as meninas a preparação do diário foi um momento de descontração, mas o preenchimento será um desafio. A maioria nunca escreveu sobre si mesma, e num primeiro momento não sabem muito o que esperar, como a paciente Samanta do Rocio Ferreira, que recebe acompanhamento no HI e recentemente completou 18 anos, “Espero poder escrever no diário e contar as coisas que acontecem comigo”, relata a paciente.

Para a psicóloga Susana Brunow Ventura, escrever em um diário poderá ser uma forma de expressão dos sentimentos e vivências neste processo que antecede a vida adulta, em um mundo onde a mulher é cobrada constantemente nos diferentes papéis que lhe são atribuídos no dia a dia. As dificuldades são muitas: Os números ainda crescentes da violência contra a mulher, a exigência de que a figura feminina esteja sempre dentro de um estereótipo de beleza, a objetificação da imagem da mulher.

O processo de fazer o diário e depois escrever as ajudará a organizar emoções desta fase de desenvolvimento e a refletir sobre elas. “A elaboração da capa do diário pelas próprias adolescentes é uma forma de personalizar e estimular a criatividade das adolescentes”, explica Susana.

Para a fisioterapeuta Luciana Souza Santos, que acompanha algumas das meninas deste projeto nas oficinas do movimento, dentro da linha de psicomotricidade relacional, feita no hospital, e neste projeto está trabalhando em uma abordagem envolvendo o corpo, o diário irá contribuir muito no sentido da individualidade e melhora da autoestima, “a partir do momento que elas se conhecem mais e pelas descobertas que fazem, elas passam a se aceitar mais e melhor, rompendo algumas barreiras e resistências internas”, relata.

Ainda de acordo com a equipe, tais ações de promoção em saúde mental são importantes conforme a demanda psicossocial dos grupos a que pertencem os pacientes atendidos .


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