Estudos mostram que a televisão pode aumentar o consumo de guloseimas pelas crianças 12/11/2010 - 13:00
A nutricionista Renata Alves Monteiro, pesquisadora da UnB (Universidade de Brasília), estuda a influência da televisão na alimentação infantil há quatro anos. O resultado, que deu origem à sua tese de doutorado, não é surpresa para a maioria dos pais: crianças que assistem mais TV também comem mais guloseimas. E um dos motivos, não por coincidência, é que os produtos alimentícios campeões em anúncios na TV são alimentos ricos em gordura, sal e açúcar. Para ser mais exato, eles correspondem a 96% das propagandas de alimentos direcionadas às crianças. Estas mesmas guloseimas, ou seja, salgadinhos, bolachas recheadas e bolos, doces, fast food e refrigerantes, também são as mais consumidas pelos pequenos.
Para chegar a essa conclusão, Renata analisou a programação infantil dos canais Globo, SBT, Discovery Kids e Cartoon Network e aplicou um questionário a 330 crianças brasilienses de 9 a 12 anos. O objetivo era identificar seus hábitos alimentares (o que costumam comer, o quão importante é a opinião dos amigos na hora de escolher o alimento, se preferem guloseimas ou comidas saudáveis, etc.) e também a maneira que assistem televisão (quanto tempo por dia, se comem em frente a TV, etc). Outra conclusão foi de que comer na frente da televisão, obviamente, é pior ainda. Nesse caso, as crianças ingerem mais guloseimas. “Isso acontece porque elas não prestam atenção no que comem e esse comportamento de sentar em frente à TV para comer é típico de sedentários. Os alimentos escolhidos nessa hora dificilmente são saudáveis”, explica Renata.
E o que os pais podem fazer? “A criança só come o que gosta, pois ela ainda não tem a consciência do que é saudável ou não. Por isso cabe aos pais a tarefa de faze-las experimentar alimentos novos, ricos em nutrientes”, afirma a nutricionista. As dicas para isso incluem preparar pratos saborosos, coloridos, pedir a ajuda delas na cozinha, restringir as guloseimas ao final de semana, controlar o tempo em que ficam vendo TV e não fazer do alimento saudável uma moeda de troca (“se você comer a verdura, permito o doce”). Vale destacar, ainda, que a influência dos pais é provavelmente mais importante que a de qualquer comercial. "Para a criança aprender a gostar de comer coisas saudáveis, ela tem de experimentar antes", completa a nutricionista. E isso, claro, começa em casa.
No entanto, é injusta a obrigação exclusiva dos pais nessa empreitada, explica Renata. Ela acredita que as escolas também deveriam participar, proibindo, por exemplo, a propaganda de alimentos pouco nutritivos. Além disso, o governo também tem a sua parcela de "culpa" ao fazer pouco caso da regulamentação da publicidade para crianças. “É muito difícil para um pai dizer sempre não ao apelo do filho por um lanche fast food que vem com um brinquedo. O que essa indústria faz é apelação”. No Brasil, esse assunto chegou a ser discuto pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nesse ano, mas não houve nenhum resultado até o momento. Cabe aos pais, então, primeiro entender que a publicidade de produtos alimentícios infantil é danosa e precisa ser controlada - senão por um órgão, por eles mesmos (diminuir as horas que seu filho fica em frente a TV é uma saída) . Uma sugestão da pesquisadora é, por que não?, fazer parte de movimentos de mobilização social sobre o assunto. A pesquisadora dá como exemplo uma carta elaborada Pelo Instituto Alana, ONG que desde 2005 desenvolve o projeto Criança e Consumo, sobre a regulamentação da publicidade infantil de alimentos não saudáveis.
Para chegar a essa conclusão, Renata analisou a programação infantil dos canais Globo, SBT, Discovery Kids e Cartoon Network e aplicou um questionário a 330 crianças brasilienses de 9 a 12 anos. O objetivo era identificar seus hábitos alimentares (o que costumam comer, o quão importante é a opinião dos amigos na hora de escolher o alimento, se preferem guloseimas ou comidas saudáveis, etc.) e também a maneira que assistem televisão (quanto tempo por dia, se comem em frente a TV, etc). Outra conclusão foi de que comer na frente da televisão, obviamente, é pior ainda. Nesse caso, as crianças ingerem mais guloseimas. “Isso acontece porque elas não prestam atenção no que comem e esse comportamento de sentar em frente à TV para comer é típico de sedentários. Os alimentos escolhidos nessa hora dificilmente são saudáveis”, explica Renata.
E o que os pais podem fazer? “A criança só come o que gosta, pois ela ainda não tem a consciência do que é saudável ou não. Por isso cabe aos pais a tarefa de faze-las experimentar alimentos novos, ricos em nutrientes”, afirma a nutricionista. As dicas para isso incluem preparar pratos saborosos, coloridos, pedir a ajuda delas na cozinha, restringir as guloseimas ao final de semana, controlar o tempo em que ficam vendo TV e não fazer do alimento saudável uma moeda de troca (“se você comer a verdura, permito o doce”). Vale destacar, ainda, que a influência dos pais é provavelmente mais importante que a de qualquer comercial. "Para a criança aprender a gostar de comer coisas saudáveis, ela tem de experimentar antes", completa a nutricionista. E isso, claro, começa em casa.
No entanto, é injusta a obrigação exclusiva dos pais nessa empreitada, explica Renata. Ela acredita que as escolas também deveriam participar, proibindo, por exemplo, a propaganda de alimentos pouco nutritivos. Além disso, o governo também tem a sua parcela de "culpa" ao fazer pouco caso da regulamentação da publicidade para crianças. “É muito difícil para um pai dizer sempre não ao apelo do filho por um lanche fast food que vem com um brinquedo. O que essa indústria faz é apelação”. No Brasil, esse assunto chegou a ser discuto pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nesse ano, mas não houve nenhum resultado até o momento. Cabe aos pais, então, primeiro entender que a publicidade de produtos alimentícios infantil é danosa e precisa ser controlada - senão por um órgão, por eles mesmos (diminuir as horas que seu filho fica em frente a TV é uma saída) . Uma sugestão da pesquisadora é, por que não?, fazer parte de movimentos de mobilização social sobre o assunto. A pesquisadora dá como exemplo uma carta elaborada Pelo Instituto Alana, ONG que desde 2005 desenvolve o projeto Criança e Consumo, sobre a regulamentação da publicidade infantil de alimentos não saudáveis.