Os pacientes atendidos na Enfermaria 4 do Hospital Infantil Waldemar Monastier contam com um atendimento especial, preconizado pelo SUS, mas ainda pouco difundido nos hospitais. Trata-se de um acompanhamento diário de uma equipe multidisciplinar, que conta com profissionais da área médica, da enfermagem, psicologia, serviço social, farmácia, fonoaudiologia, fisioterapia e pedagogia. O trabalho começou a ser implantado no segundo semestre deste ano, como desdobramento de outras atividades desenvolvidas pelo grupo multidisciplinar. Os profissionais, que já se encontravam para discutir o quadro clínico dos pacientes, sentiram a necessidade de acompanhar o médico durante a visita diária ao paciente para melhorar o atendimento como um todo. O objetivo deste trabalho é conhecer o paciente, a sua família e aproximá-los dos profissionais, estreitando vínculos e assim, garantir melhor qualidade no processo de saúde.

                             Reunião Clínica Multiprofissional - Casos e processos de trabalho

A assistente social Melissa Portes explica que tradicionalmente quando se fala em produzir um cuidado em saúde, este cuidado ainda é muito fragmentado, focalizado e centrado na doença. Hoje, a legislação que rege a política da saúde deixa claro que se deve evitar a fragmentação e produzir um novo modelo de atenção a saúde, um novo modelo focado na integralidade. “Neste grupo, entendemos que só a abordagem médica é insuficiente para tratar a doença na perceptiva da totalidade, da integralidade. Buscamos oferecer um cuidado integral, e por isso chamar as diferentes especialidades, as diferentes áreas, não só como somatório de disciplinas, mas para fazer com que todos tenham como objetivo prestar um cuidado de maior qualidade, promovendo o bem-estar do paciente e de sua família”.

A psicóloga Maíra Travagin, explica que a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde entendem que determinantes econômicos e sociais influenciam no processo de saúde. Portanto, o atendimento das várias áreas é fundamental na percepção de diversas situações. “Avaliamos juntos se determinado procedimento deve ser realizado, levando em conta o que o paciente precisa clinicamente, e o que a família tem condições de oferecer em casa, e se a cidade de origem tem estrutura para dar seqüência ao atendimento”.

O grupo de profissionais percebeu durantes os atendimentos, que em alguns casos, quando o médico faz a vista sozinho e explica o quadro clínico para os pais, muitos não entendem e sentem insegurança em questionar. Com a presença de outros profissionais que percebem esta dificuldade, os pais recebem uma atenção especial e são incentivados a tirar todas as dúvidas. “Acompanhando a visita é possível perceber as dificuldades da família e desta forma, ajuda-la a entender o processo de reabilitação e de recuperação da criança”, explica Maíra.

Com o trabalho em conjunto já se percebe uma unidade no atendimento. Melissa destaca que há uma preocupação com o diálogo entre os profissionais. É o comprometimento com a produção da saúde. “Hoje posso dizer que na enfermaria 4 há uma unidade, há diálogo entre a equipe. Construir uma identidade profissional, é nosso papel, é o que nos podemos fazer para contribuir com o processo de recuperação do nosso paciente”, finaliza.