Perigoso, sódio está presente até em doces 12/04/2011 - 08:30

Ele está presente em quase todos os alimentos, principalmente os industrializados: do pão francês que você come no café da manhã, passando pela lasanha para micro-ondas do almoço e o macarrão instantâneo do jantar. O sódio faz cada vez mais parte da alimentação dos brasileiros. O problema é que, apesar de alguns benefícios, esse nutriente é um dos vilões da dieta moderna.

De olho nisso, na última quinta-feira, o Ministério da Saúde (MS) fechou um acordo com associações que representam as empresas produtoras de alimentos para, aos poucos, reduzir o volume de sódio nas composições de 16 tipos de produtos, como bisnaguinhas, pães, salgadinhos e embutidos, até 2014. O objetivo é fazer com que o Brasil alcance a meta de consumo de sódio recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) até 2020.

O combate tem motivo. Segundo a OMS, o ideal é que cada adulto consuma diariamente até 5 gramas de sal – principal fonte alimentar de sódio –, o que equivale a cinco colheres de sobremesa do produto por dia. Pesquisas apontam que a média ultrapassa o dobro e fica entre 10 e 12 gramas. “Como o sal é usado como conservante em produtos industrializados e fica oculto no preparo dos alimentos, as pessoas nem sequer reparam que estão consumindo tanto sódio e acabam minando a saúde aos poucos”, explica a médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), Marcella Garcez Duarte.

As consequências são graves. Em excesso, o sódio leva a um aumento da pressão arterial – a temida hipertensão –, gerando problemas renais, edemas e doenças cardiovasculares, como enfarte e AVC. “A maior preocupação é que a hipertensão é uma doença silenciosa. Muitas pessoas têm o problema, mas só descobrem quando vão parar no hospital depois de sofrer um enfarte”, alerta Gisele Pontaroli Raymundo, professora do curso de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

E é bom ficar de olho no cardápio porque não são só os produtos salgados que têm sódio. Alimentos doces, como biscoitos recheados, chocolates, guloseimas e refrigerantes, inclusive os light e diets, que usam sacarina e ciclamato em sua composição, também têm altos níveis do nutriente. “Assim como os demais produtos industrializados, eles têm conservantes e exigem uma restrição no consumo.”

Acordo

Para Angelica Koerich, nutricionista do Hospital das Clínicas da UFPR, o acordo entre o MS e as empresas só traz benefícios para os consumidores. “A redução é excelente porque a alta ingestão de sódio, tão comum atualmente, tem relação direta com o aumento no número de casos de doenças que demandam tratamento para o resto da vida, reduzem a qualidade de vida e, hoje, são tratadas como um problema de saúde pública porque comprometem e sobrecarregam o sistema de saúde.”

Segundo Eduardo Augusto Nilson, coordenador substituto de alimentação e nutrição do ministério, o excesso de sódio na alimentação não é uma preocupação não só brasileira, mas mundial. “Tanto que, em outros países, já há regras parecidas para a limitação da quantidade de sódio em alimentos.”

Nos Estados Unidos e no Canadá, por exemplo, o plano contou com uma série de medidas. “Houve preocupação em incentivar a mudança de hábito alimentar da população, desestimular o consumo de alimentos com muito sódio e fomentar as pesquisas na área de tecnologia de alimentos para que se mude a composição sem aumentar o custo e alterar o sabor dos alimentos”, explica Angelica.

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