Projeto Dia do Irmão proporciona a manutenção do laço familiar 17/09/2015 - 11:30

A hospitalização de um membro da família altera toda a organização familiar, principalmente quando envolve o tratamento de uma criança. Há mudanças na rotina e a mãe ou o pai acabam deixando a casa para acompanhar o filho ou filha no hospital, e isso, muitas vezes, faz com que o irmão que fica em casa não entenda de fato o que está acontecendo – situação que pode acarretar desorganização emocional e estresse familiar. No Hospital Infantil, o projeto “Dia do Irmão” completou em agosto um ano, e durante este tempo aproximou as famílias, promovendo a visita mensal dos irmãos à criança hospitalizada. Desenvolvido em parceria entre os Serviços de Psicologia e Serviço Social, em consonância às diretrizes de humanização, o projeto atende as crianças internadas nas UTI’s e Enfermaria Clínica.

A psicóloga Maíra Travagin conta que a ideia do projeto surgiu porque muitos pacientes ficam no hospital por longos períodos e há a necessidade de incluir os irmãos neste processo de tratamento para que eles tenham melhor entendimento sobre o que se passa com o irmão internado. “A visita permite a manutenção dos laços familiares e é um momento importante para a criança que está em tratamento porque ela recebe o carinho do irmão, que passa a entender que o afastamento é necessário e por que a mãe ou o pai passa grande parte do tempo longe de casa”, destaca.

Dia do irmao

O Dia do Irmão acontece na última sexta-feira do mês, a inscrição é realizada no setor do Serviço Social entre segunda e quarta-feira desta semana. Durante a inscrição é realizada uma primeira avaliação, as assistentes sociais explicam como será a programação no dia, orientam sobre os procedimentos necessários (transporte, alimentação e hospedagem) e ajudam a organizá-los quando necessário. “Conversamos com os pais e explicamos como será a visita, também buscamos saber se o irmão está em boas condições de saúde, se realizou a cobertura vacinal, bem como, se ele realmente deseja visitar o irmão hospitalizado”, explica a assistente social Laura.
 
No dia programado, antes da visita os irmãos participam de um grupo de acolhimento, momento em que recebem orientações e são preparados para entrarem nas unidades de internação. Neste grupo, através de atividades lúdicas, as psicólogas trabalham com os irmãos as fantasias relacionadas à doença e à hospitalização. Ao final do encontro com o irmão hospitalizado, um grupo de fechamento oferece espaço para que as crianças expressem os sentimentos mobilizados por esta experiência. O desenho é uma das técnicas utilizadas pelas psicólogas e preferidas pelas crianças: elas são convidadas a fazer desenhos que representem aqueles momentos antes e após a visita. “Através das ilustrações, elas expressam o que ficou deste contato com o paciente. Em uma das visitas, durante o grupo de acolhimento, um dos irmãos apresentava comportamento agressivo e fez um desenho todo rabiscado, com cores fortes e escuras. No grupo de fechamento, este irmão apresentava-se mais calmo, sorridente e o desenho estava mais colorido e os traçados eram mais suaves. Havia diferença entre os desenhos e os comportamentos antes e depois da visita. Este contato entre irmãos e a reunião familiar foi um momento bem importante para ele, que de alguma forma pôde lidar melhor com as angústias provocadas pela doença e hospitalização do irmão e pelo afastamento da mãe”, explica Maíra.

Dia do irmão

O paciente Abraão dos Santos Silva está internado no Hospital Infantil há um ano. Neste período, passou por tratamento na UTI Pediátrica e agora está na enfermaria. Neste período, recebeu diversas vezes a visita da irmã Diemily Daiana Santos Silva, de 09 anos. Sempre que possível a avó e a menina vêm da cidade de Figueira/PR para visitar o irmão. Diemily conta que quando não consegue visitar o irmão sente muita falta. “Fico com saudades e fico triste por não poder ficar com ele e com a minha mãe”, conta.  A mãe, Marilucia dos Santos Silva, acompanha o filho desde a chegada dele no Hospital e diz que fica realizada em ver os filhos juntos. “Como eu quase não vou para casa, é uma alegria quando ela vem ao hospital. Faz muito bem ver os dois juntos e eu sinto que a visita também é importante para o Abraão”, conta.

Laura Gorski ressalta que o encontro entre os irmãos também ajuda a mãe a enfrentar o período de internamento: “O resultado do projeto é muito positivo para o acompanhante porque é neste momento que a família consegue se reunir por um período. Para a equipe assistencial o Dia do Irmão é um momento importante porque as crianças trazem alegria para o setor e transformam o ambiente”, destaca.
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O que dizem as mães sobre o Dia do Irmão:

"Eu achei ótimo, porque ela (a irmã) gostou muito. Ela estava bem eufórica. Ela perguntou tudo, o que era o oxigênio e essas coisas. Eu perguntei em casa e ela disse que tinha achado legal da roupa. Ela estava muito ansiosa pra ver o irmão, não entendia porque ele saiu da barriga e não estava em casa”.

"Achei uma coisa diferente, uma coisa boa porque nos outros hospitais as crianças não podem entrar".

"Achei maravilhoso, foi a primeira vez que eles se viram.
Tiveram a oportunidade no Dia do Irmão".

"Ela (a irmã) gostou, achou que não ia ver o irmão nunca até ele sair, porque nenhum hospital faz isso.
Foi bom para os dois, porque foi assim que a irmã conheceu o irmão".

"Elas gostaram muito da higiene. Pediram para eu passar na farmácia para comprar álcool e tudo”.

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