A natação para bebês ajuda no desenvolvimento psicomotor e ainda melhora o sono e o apetite. 05/09/2010 - 07:00

Ao entrar na piscina, eles batem as perninhas e os bracinhos agitadamente, em sinal de alegria. Alguns, até, soltam gritinhos e outros querem se desprender dos braços das mães para desbravarem, sozinhos, aquelo mundaréu de água. É claro que não pode, e essa é uma das primeiras lições dos cursos de natação para bebês: as mães aprendem a segurar seus filhos de um modo protetor e firme, mas sem limitar os movimentos dos pequenos nadadores. 

Ajustes importantes para essa atividade programada para ser praticada em dupla (mãe e bebê ou bebê e pai) normalmente duas vezes por semana, em aulas que duram de 30 a 45 minutos. Quanto à faixa etária, há controvérsias. Muitos especialistas afirmam que desde o primeiro mês, já se pode praticar, outros preferem indicar apenas a partir dos seis meses. Porém, mais uma vez, o meio-termo é o mais aceitável, ou seja, aos 3 meses. “A partir dessa idade, o bebê já sustenta a região cervical, tornando mais fácil a tarefa de manipulá-lo na piscina. E também já tomou as primeiras doses da vacina, reforçando sua imunidade”, opina Sandra Rossi Madormo, diretora-técnica da escola Via Esporte, especializada em natação para bebês. 

É notável que, quanto menor a criança, maior a euforia dela nas aulas. “Com 3 ou 4 meses, ela ainda possui uma lembrança recente da vivência intrauterina, marcada pela presença da água que está associada a algo seguro e confortável”, explica Sandra. A partir de um ano, é normal que o aluno estranhe as primeiras aulas e se incomode com a água no rosto. Nenhum problema quanto a isso. Há uma série de exercícios lúdicos que facilitam essa adaptação.

O que se aprende
Antes de tudo, é bom que os pais entendam o objetivo dessa modalidade para bebês. É claro que eles não aprenderão a nadar borboleta ou crawl nessa faixa etária. “A intenção é promover a boa adaptação ao meio aquático”, esclarece Samantha Costola, professora de natação para bebês da Academia Competition, de São Paulo. Nesse repertório, cabe ensinar a bater pernas e braços, rotacionar ombros, soltar quadris e coluna na água, flutuar e segurar na borda da piscina. As imersões de cabeça, ou os rápidos mergulhos, só começarão a ser treinados quando o aluno dá sinais de que está pronto. 

“O professor percebe quando a criança já consegue travar a respiração ao colocar o rosto na água. Fazemos várias brincadeiras para exercitar essa habilidade”, conta a professora Thelma Gonçalves dos Santos, da Competition, em São Paulo. Novos aprendizados com benefícios atestados. 

Estudos científicos comprovam que a modalidade estimula o desenvolvimento motor e o equilíbrio, fortalece a musculatura pulmonar, melhora a qualidade do sono e aumenta o apetite, além de ajudar nos desafios do dia a dia rumo ao crescimento. “A prática aprimora as habilidades psicomotoras e auxilia os bebês a engatinhar, sentar e andar”, comenta o professor de natação Dani D’Aquino, proprietário da academia Dani Natação, em Florianópolis. 

Os benefícios são notados no dia a dia. A filha de Roberta Atala, Karime, 1 ano e 10 meses, faz natação há seis meses e a mãe percebe mudanças. “Antes a Karime só conseguia dormir depois das 22 horas, agora, às 19h30, já está na cama. E vai até o outro dia, sem acordar. Também percebo que ela está comendo mais e se tornou mais sociável. Foi a primeira vivência social dela e isso a ajudou a ter um contato tranquilo com os outros. Acho, até, que as aulas de natação contribuíram para a fácil adaptação da Karime na escolinha”, desconfia Roberta. 

Apesar das inúmeras vantagens, a prática não garante que bebês ou crianças pequenas possam ficar sozinhas na piscina ou no mar. A pediatra Márcia Kodaira, coordenadora do setor de pediatria do Hospital Santa Catariana, em São Paulo, faz uma observação importante. “Não há evidências científicas de que o bebê que faz natação conseguirá agir no sentido do autossalvamento na piscina. Por isso, os pais não devem reduzir a fiscalização quando seus filhos estiverem na água”, reitera Márcia. Os professores agem também nesse sentido, ensinando aos alunos um comportamento de respeito ao meio aquático.

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